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domingo, 11 de fevereiro de 2024

Projetado pelo arquiteto-estrela Bjarke Ingels, Hôtel des Horlogers, na Suíça, é destaque em Casa Vogue



Na seção Destino, a revista Casa Vogue de fevereiro leva os leitores até a Suíça, no Hôtel des Horlogers, o primeiro hotel desenhado pelo arquiteto-estrela Bjarke Ingels. Localizado no Vale de Joux, berço da alta relojoaria suíça, e a poucos minutos da fronteira com a França, o projeto engloba elementos da tradição relojoeira e atrai amantes da arquitetura e da natureza pela inovação, beleza da região e ótima hospitalidade.

O Vale de Joux é uma região plácida, pacata e conhecida por sua cultura singular: nenhum outro lugar no planeta abriga tantos conhecimentos relojoeiros concentrados numa área tão pequena. Devido à altitude elevada – cerca de 1.000 m acima do nível do mar –, o vale remoto permanece infrutífero durante os invernos longos e rigorosos, o que fez a população local dedicar-se à fabricação de relógios em vez da agricultura. A tradição, passada magistralmente entre gerações há quase 300 anos, resultou nas peças mais engenhosas e cobiçadas da Terra. Audemars Piguet, Blancpain, Jaeger-LeCoultre e Patek Philippe são algumas das grifes nascidas ou desenvolvidas por ali.

Inaugurada em 2022, a hospedagem ocupa a mesma área onde, no séc. 19, fundou-se o Hôtel de France, pouso mais procurado por trabalhadores e comerciantes da indústria relojoeira por também sediar uma agência de correios. Sucessivas crises o levaram à decadência, até a Audemars Piguet, cuja sede era vizinha de porta, decidir arrematá-lo em 2003.

Anos mais tarde entram em cena o arquiteto dinamarquês e sua premiada equipe do BIG, requisitados para conceber um novo, tecnológico e sustentável hotel boutique. Tudo sem abandonar o legado que tanto orgulha os combières, como são chamados os habitantes do Vale de Joux.

Bjarke Ingels é conhecido por desenhar edifícios a partir de volumes retorcidos, quase ilusórios. O Hôtel des Horlogers não é exceção. Sua geometria é milimetricamente pensada para integrar o edifício à paisagem colorida por prados de montanha e pela Floresta Risoud. Os 50 quartos disponíveis, dispostos ao longo de um passeio arquitetônico, serpenteiam pelo terreno. O projeto, executado pelo escritório suíço CCHE, é protagonizado por cinco rampas em forma de Z. Virtuosas e acessíveis aos hóspedes, elas fazem com que as lajes desçam gradualmente em direção ao vale, uma referência à jornada sinuosa que os relojoeiros enfrentavam para levar seus produtos ao mercado: o Chemin des Horlogers, rota histórica do Vale de Joux até Genebra.

Já os interiores, assinados por Pierre Minassian, do estúdio AUM, privilegiam materiais locais, como pedra e madeira, a fim de transportar os visitantes para o mundo exterior. A natureza está sempre à espreita: seja nas vistas proporcionadas pelas janelas salientes das suítes, seja nos pormenores da decoração (o teto do lobby é decorado com galhos de árvores quase brancas em homenagem à mata vizinha). “Mas ainda é um hotel cosmopolita onde se hospeda gente de todo o mundo. Aqui se reúnem pessoas muito diferentes. Atletas convivem com exploradores, artistas, empresários e crianças. Muitas línguas podem ser ouvidas nos bares, salões e restaurantes”, resume André Cheminade, diretor-geral do hotel. “Cada um o experimenta no seu próprio ritmo”, completa.



Na propriedade do hotel, um pavilhão de vidro se camufla na grama. A estrutura em espiral que brota do chão (também fruto da mente de Bjarke Ingels) é uma espécie de altar para colecionadores ou meros admiradores da haute horlogerie: cerca de 300 peças, entre joias raras, protótipos e modelos históricos, evidenciam a forte veia relojoeira da comunidade no Musée Atelier Audemars Piguet, conectado ao hotel por uma charmosa trilha. “A relojoaria, assim como a arquitetura, é a arte de revigorar uma matéria inanimada com inteligência e movimento para trazê-la à vida na forma de contar o tempo”, filosofa Bjarke.