sábado, 24 de abril de 2010

Hubble 20 anos



Embora o A10 seja voltado para o mercado de aviação, é impossível não comentar sobre uma das mais incríveis obras humanas, o telescópio espacial Hubble, que hoje (25) completa 20 anos.

A principio este é um tema espacial, mas, muita das inovações em eletrônica e imagens que temos hoje, seja no mercado consumidor ou na aviação, são graças ao Hubble.

O Hubble foi primeiro telescópio espacial da primeira missão da NASA pertencente ao Great Observatories Program, que consiste numa família de quarto observatórios orbitais, cada um observando o Universo em um comprimento diferente de onda, luz visível, raios gama, raios-X e infravermelho.

Nos últimos 20 anos ele nos permitiu observar mais de 30 mil corpos celestes, enviou mais de 700 mil imagens do Universo, comprovou dezenas de teorias e continua surpreendendo. Em um ano de missão, a comunidade científica aprendeu mais do que em toda a história da astronomia.

Fruto de um ambicioso projeto da NASA em parceria com a Agência Espacial Europeia, o projeto teve inicio ainda na década de 1940, quando o astronomo Lyman Spitzer escreveu um documento ressaltando as vantagens de um então hipotético observatório orbital. Basicamente um telescópio orbital não sofre com os efeitos da turbulência da atmosfera que provocam o cintilamento das estrelas, e ainda permite observar corpos celestes por luz infravermelha e ultravioleta, que num observatório terrestre é quase impossível devido grande parte ser absorvida pela atmosfera. Durante a corrida espacial, diversos estudos comprovaram as vantagens de um telescópio no espaço, no entanto, apenas no final da década de 1970 o Hubble começou a tomar forma.



Uma série de problemas orçamentários e vetos por parte do Senado fizeram a NASA compartilhar 15% do projeto com a ESA (European Space Agency). Os europeus assim garantiam 15% do tempo de observação, a um custo relativamente baixo se comparado com todo o programa.

Um dos maiores desafios foi o polimento do espelho primário, que prolongou-se de 1979 até 1981. Diversas grandes empresas participara do projeto, como a Lockheed, Perkin-Elmer, Kodak, entre outras.

Lançado em 24 de abril de 1990, o Hubble foi levado ao espaço pelo ônibus espacial (space shuttle) Discovery, que o colocou em órbita a 600 km de altitude.

Infelizmente, uma falha grave em uma das lentes tornou o telescópio inútil, a opinião pública logo tratou de criticar o projeto que custará até então mais de US$ 2,2 bilhões. O telescópio nascerá míope. Inicialmente acreditou-se que estas aberrações focais eram devido ao limite de nitidez compatível com o pequeno diâmetro do espelho principal 2,40 m, meses depois ficou comprovada a falha.



O erro estava na elaboração do projeto, enquanto o grande espelho fora projetado para captar ondas numa frequência visível, o restante das lentes foram projetadas para operar no infravermelho. Tal falha causou uma diferença nas distâncias focais e um sério problema para o programa.

A lente foi substituída numa complexa operação realizada em 1993 e a partir deste momento o Hubble tornou-se a grande porta de acesso da ciência ao universo.

Como uma máquina do tempo, o Hubble passou a transmitir imagens do nascimento e a morte de estrelas, imagens espetaculares de nebulosas, de galáxias até então desconhecidas, e um dos pontos mais importantes, permitiu confirmar a existência de matéria escura. O Hubble mostrou que todas as galaxias têm um buraco negro no centro. Embora desde a década de 1930 se especulasse a existência desta matéria escura, tudo não passava de mera conjectura. O Hubble confirmou esta teoria e ainda detectou pequenas proto-galáxias que emitiam raios luminosos quando o universo tinha menos de um bilhão de anos.

Com isso, os cientistas puderam confirmar que o universo estava expansão e calcularam que sua idade é de aproximadamente 13,7 bilhões de anos.

O Hubble ainda possui equipamentos que decompõem a luz captada permitindo os astronomos determinar as propriedades dos corpos e materiais celestes, incluindo a composição química e temperatura.

Em duas décadas a NASA enviou cinco missões para reparar e atualizar os equipamentos abordo do Hubble. A mais importante ocorreu em 2002, quando na quarta missão de modernização, a equipe de astronautas abordo do Columbia instalou novos paineis solares, unidades de controle de energia e uma nova e poderosa câmera digital, a ACS (Advanced Camera for Survey). Com o tamanho de uma geladeira e pesando mais de mais de 383 kg, ela é dez vezes mais poderosa e sensível que sua antecessora.

A ACS utiliza três canais espectrais, sendo um canal de campo de visão ampla, utilizado nas pesquisas sobre a natureza e a distribuição das galáxias, um canal especializado na pesquisa de estrelas superquentes e de quásars, sendo por fim um canal de alta resolução que reduz a luminosidade excessiva dos objetos celestiais, possibilitando inclusive identificar eventuais planetas semelhantes à Terra nos confins do Universo.

Com a ACS o Hubble novamente mudou a história, 18 meses depois de ser modernizado, o telescópio detectou mais estrelas e galáxias do que tudo que havia sido descoberto até então.

A última missão de manutenção executada pelo ônibus espacial Atlantis, em maio de 2009, instalou dois novos instrumentos capazes de obter imagens da época do Big Bang, aumentando ainda mais o potencial cientifico do telescópio.

Embora tenha ganhado nova vida, a NASA anunciou que o programa Hubble será finalizado em 2013, quando o telescópio James Webb entrará em orbita.

Até lá o Hubble continuará enviando diariamente centenas de novas informações, e jamais será esquecido por sua contribuição inestimável a astronomia. Em 20 anos o Hubble se tornou o instrumento científico mais famoso e foi o que mais contribuiu para os avanços científicos na astronomia.

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