segunda-feira, 4 de maio de 2020

Demanda de passageiros despenca em março com as restrições de viagem impostas pelos governos

A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) anunciou os resultados globais do tráfego aéreo de passageiros de março de 2020, com a demanda (medida em passageiros-quilômetros pagos transportados, ou RPKs) apresentando queda de 52,9% em relação a março de 2019. Essa foi a pior queda na história recente, refletindo o impacto das ações adotadas pelos governos para evitar a disseminação do COVID-19. Com ajuste sazonal, o volume global de passageiros retornou aos níveis de 2006. A capacidade de março (medida em assentos disponíveis por quilômetro, ou ASKs) caiu 36,2% e a taxa de ocupação apresentou queda de 21,4 pontos percentuais, atingindo 60,6%.

"Março foi um mês desastroso para a aviação. As companhias aéreas sentiram o impacto crescente das medidas relacionadas à COVID-19 relacionadas ao fechamento de fronteiras e restrições de viagem, inclusive nos mercados domésticos. A demanda atingiu o mesmo nível de 2006, mas temos frotas e funcionários em dobro. Para piorar, sabemos que a situação se complicou ainda mais em abril, com sinais de recuperação lenta", disse Alexandre de Juniac, diretor geral e CEO da IATA.

Air Passenger Market Detail - March 2020


Mercados internacionais de transporte aéreo de passageiros

A demanda internacional de passageiros diminuiu 55,8% em março de 2020 em relação a março de 2019, um resultado muito pior do que a queda de 10,3% registrada em fevereiro. Todas as regiões apresentaram declínio de dois dígitos no tráfego de passageiros. A capacidade despencou 42,8% e a taxa de ocupação caiu 18,4 pontos percentuais, atingindo 62,5%.

As companhias aéreas da região Ásia-Pacífico apresentaram a maior queda entre todas as regiões, pois o tráfego caiu 65,5% em março de 2020 em relação ao mesmo período do ano passado, mais que o dobro da queda de 30,7% registrada em fevereiro. A capacidade caiu 51,4% e a taxa de ocupação despencou 23,4 pontos percentuais, atingindo 57,1%.

As companhias aéreas da Europa registraram queda de 54,3% na demanda em março de 2020 em relação ao mesmo período do ano passado. Em fevereiro de 2020, o tráfego foi praticamente estável em relação a fevereiro de 2019. A capacidade caiu 42,9% e a taxa de ocupação reduziu 16,8 pontos percentuais, atingindo 67,6%, a maior entre as regiões.

As companhias aéreas do Oriente Médio registraram queda de 45,9% no tráfego em março, revertendo o aumento de 1,6% registrado em fevereiro. A capacidade foi reduzida em 33,5% e a taxa de ocupação caiu 13,7 pontos percentuais, atingindo 59,9%.

As companhias aéreas da América do Norte registraram queda de 53,7% no tráfego de passageiros em relação a março do ano passado, significativamente maior que a queda de 2,9% registrada em fevereiro de 2020 (versus fevereiro de 2019). A capacidade despencou 38,1% e a taxa de ocupação caiu 21,1 pontos percentuais, atingindo 62,8%.

As companhias aéreas da América Latina apresentaram queda de 45,9% na demanda de março em relação ao mesmo mês do ano passado; em fevereiro, a queda foi de 0,2% quando comparada a fevereiro de 2019. A capacidade encolheu em 33,5% e a taxa de ocupação caiu 15,3 pontos percentuais, atingindo 66,5%.

As companhias aéreas da África apresentaram queda de 42,8% em março, um declínio significativo em relação à queda de 1,1% registrada em fevereiro. A capacidade caiu 32,9% e a taxa de ocupação contraiu 10,5 pontos percentuais, atingindo 60,8%.

Mercados domésticos de transporte aéreo de passageiros

A demanda por viagens domésticas diminuiu 47,8% em março de 2020 em relação a março de 2019, com queda de dois dígitos em todos os mercados. Em fevereiro, a queda foi de 21,3% (versus fevereiro de 2019). A capacidade diminuiu 24,5% e a taxa de ocupação caiu 26,0 pontos percentuais, atingindo 58,1%.

Air Passenger Market Detail - March 2020


As companhias aéreas da China mantiveram os maiores índices de queda, com declínio de 65,5% na demanda doméstica em março de 2020 em relação a março de 2019. Apesar disso, este resultado foi melhor que o declínio de 85% registrado em fevereiro, pois o país iniciou a reabertura do mercado doméstico em março.

As companhias aéreas do Japão registraram o declínio de 55,8% em relação ao ano anterior nos RPKs domésticos, apesar de não ter implementado restrições generalizadas.

Resumindo

"O setor está em queda livre e ainda não chegamos ao fundo do poço. Mas espero que, em breve, as autoridades possam reduzir as restrições de viagem e abrir suas fronteiras. Para isso, é fundamental que os governos trabalhem com o setor agora e se preparem para a reabertura. Esta é a única forma de garantir a implementação de medidas para manter os passageiros em segurança durante as viagens e assegurar aos governos que a aviação não será um vetor na propagação da doença. Também devemos evitar a confusão e a complexidade que vimos logo após o 11 de setembro de 2001. Os padrões globais amplamente aceitos e operacionalmente viáveis serão essenciais para a retomada. A única maneira de chegarmos lá é com o trabalho em conjunto", disse Alexandre de Juniac.

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