domingo, 19 de setembro de 2021

A atuação do design na concepção do automóvel

A estratégia de concepção de um produto automotivo é uma das mais complexas da indústria, pelo fato de envolver quase todas as áreas da empresa, com suas necessidades específicas, demandas de mercado e uma boa dose de emoção. Outra questão que traz grande complexidade é o tempo de desenvolvimento do produto, que é longo, embora as modernas ferramentas de modelagem virtual acelerem o processo. São aproximadamente 36 meses, pois é preciso atender a diversas etapas: identificação de necessidades do público com pesquisas, desenvolvimento de conceitos, aprovações internas, modelos virtuais, simulações, protótipos físicos, testes de processos de fabricação, produção e lançamento.

“Vale destacar que o automóvel passa por uma mudança cultural, ou seja, no século passado era o maior objeto de desejo dos jovens, quando ter um carro era fundamental para a construção social da identidade masculina. Hoje, não é bem assim: os jovens tendem a preferir outras experiências, como viagens, educação e até empreender. Mesmo como meio de transporte individual, sofre críticas do ponto de vista da sustentabilidade ambiental e da mobilidade urbana nas grandes cidades. Isso não significa que o automóvel esteja em decadência, mas que as montadoras deverão ser muito mais criativas, tanto no produto quanto no modelo de negócio”, explica o professor do curso de Design do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), José Carlos Carreira. 

O design é fundamental em todo esse processo, desde o design clássico, responsável pelo conceito, desenho, detalhamento técnico e protótipos, até o design do negócio, que passa pelas estratégias, experiências do usuário e interações entre o veículo e os vários aplicativos que são disponibilizados em seus painéis de controle. “Mas é provável que o maior desafio do design automotivo seja contribuir para a solução dos problemas relativos à mobilidade urbana e aos impactos do produto no meio ambiente”, alerta o especialista.

Nesse sentido, o design contribui para os projetos de carros autônomos, elétricos, bem como para todo o ecossistema de mobilidade. O designer atual considera, além do pensamento do design (design thinking), o pensamento sistêmico (system thinking), para dar conta das exigências de pessoas, empresas e da sociedade. “Tudo isso considerado, é importante ressaltar que, para uma grande parcela da população com potencial para adquirir um automóvel, a escolha do veículo é baseada em critérios de design. A emoção de uma estética automotiva ainda faz nossos olhares grudarem nessas máquinas poderosas que mudaram o mundo”, conclui Carreira.

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