quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

DASSAULT AVIATION – Um século de inovações e conquistas

                     O fabricante francês que traçou uma história exemplar na Aviação Mundial

A França é, sem sombra de dúvida, um dos berços da Aviação. Desde o início do século XX, quando engenhosos e corajosos homens se puseram a desenvolver e testar máquinas mais pesadas que o ar, elevando-as por meios próprios e buscando soluções cada vez melhores para viabilizar o voo regular, o país sempre se notabilizou pelas inovações e, como na Aviação não poderia ser diferente, também pela ousadia, para assim poder dar passos mais largos. E é dentro dessa vocação que se desenvolveu um dos mais prósperos fabricantes de aviões do mundo e que faz jus ao logotipo de sua comemoração do centenário: “Desenhando o Futuro”.

Ainda ligada à família Dassault e encarando o desafio constante da competitividade, a empresa completa cem anos com mais de cem protótipos, tendo experimentado uma grande variedade de configurações aerodinâmicas; geometria variável; decolagem vertical; aeronaves executivas; etc.. Foram buscadas soluções técnicas; perfeição aerodinâmica e performance combinadas com confiabilidade.

Sua história tem início com Marcel Bloch, nome de nascença de Marcel Dassault. Ele decidiu mudar o sobrenome logo após a II Guerra Mundial para apagar os vínculos com o período difícil daquele período. O novo sobrenome veio do nome de guerra de seu tio Paul, General Chardasso, derivado do francês “char d’assault”, “tanque de batalha” no jargão da época, numa alusão a combate; ação e ofensiva.

Dentre muitos fatos e realizações em um século, alguns modelos referenciais e mais marcantes, numa sequência cronológica:







O começo da trajetória industrial foi em 1916, com a produção da hélice Eclair, que veio a equipar os biplanos de combate da época.














A primeira encomenda recebida foi do biplano SEA IV, no final de 1917. Mil aeronaves. Um bom começo.



O trimotor MB 120, “O Indestrutível”, primeira iniciativa bem sucedida de Marcel Bloch na aviação civil, foi uma aeronave de múltiplas funções e utilizado nas colônias para transporte; exploração; ligação e evacuação médica. Também podia ser empregada para ataque ao solo e bombardeio. Dessa aeronave derivou o bimotor MB-200, melhorado e militarizado, com funções de reconhecimento e caça-bombardeiro.








Em 1936 veio o MB 220, bimotor para 16 passageiros e que veio a ser usado pela Air France nas rotas europeias.













O MB 160 foi o protótipo do primeiro quadrimotor da empresa.












Cerca de 1.800 aviões civis e militares foram construídos antes da II Guerra. Após 1945 vieram os grandes saltos. Nesta trajetória, vários modelos merecem destaque, pois se tornaram protagonistas de vários momentos fundamentais na história da companhia e, claro, da Aviação mundial.






O bimotor Flamant MD 315 (ao invés de MB) em 1947, foi o vencedor de uma licitação que levou a uma encomenda de 300 unidades, o que foi decisivo para o futuro da companhia.










Em 1949, o MD-450 Ouragan foi o primeiro jato francês a entrar em produção após a II Guerra. Sua produção para a Força Aérea Francesa durou de 1952 a 1961 e se tornou a primeira aeronave francesa exportada após a II Guerra.












No início anos 50 o Mystère II quebrou a barreira do som e, em 1953, o Mystère IV (na foto, com Marcel Dassault) fez seu voo inaugural e recebeu uma encomenda de 225 aeronaves e também foi exportado.









Depois, em 1956, veio o Super Mystère B2, primeiro jato da Europa Ocidental a atingir velocidade supersônica em voo horizontal e baixa altitude.












O Eténdard IV M fez seu primeiro voo em 1958 e foi o primeiro jato para os porta-aviões franceses.











No início de 1951 começaram a trabalhar num avião interceptador de asa delta, cujo primeiro voo foi em 1955, o Mirage I.








Depois, com aprimoramentos veio o Mirage III, que decolou em 1956 e, dois anos depois, atingiu Mach 2, uma condição importante para seu sucesso. Este consagrado caça tinha parcialmente controles fly-by-wire o que, em sua época, foi um diferencial.

















Com base no Mirage III, posteriormente foram desenvolvidos o Mirage 5 e, mais tarde, o Mirage 50 (na foto).







A OTAN desejava eliminar as longas pistas de pouso por achá-las muito vulneráveis. Com isto a empresa desenvolveu seu primeiro jato VTOL (decolagem e aterrissagem verticais), o Balzac, em 1962, mas que não passou da fase de protótipo.


Na segunda metade da década de 1950 o governo francês decidiu dispor de plataformas para lançamento de artefatos nucleares. Sob esta necessidade foi desenvolvido o Mirage IV, que fez seu primeiro voo em 1959. Entrou em serviço em 1964, foram fabricados 62 e utilizados até 2005. Foi o primeiro bombardeiro nuclear europeu para grandes distâncias a superar Mach 2.





O primeiro jato corporativo da empresa teve estreia em 1963, o Mystère 20. Os norte-americanos o chamaram de Falcon 20. Era o início de uma família de jatos corporativos de sucesso mundial. Na foto aparece Charles Lindbergh, ao centro.



Continuando com o desenvolvimento da linha Mirage, em 1966 voou o Mirage F1. Ele alcançava Mach 2 e podia pousar em velocidade menor que o Mirage III. A produção de seus componentes era dividida entre parceiros e subcontratadas como Aerospatiale; Latécoère; CASA; Fairey e SABCA. Foi utilizado pela Força Aérea Francesa e exportado para várias nações.








Em 1967 veio o Mirage G, jato militar de geometria variável.









O Jaguar, jato supersônico de suporte tático e treinamento, foi desenvolvido pelo consórcio franco-britânico SEPECAT e voou em 1968. Foi utilizado pela Força Aérea Francesa até 2005 e pela Royal Air Force até 2007.




O Falcon 10, de 1970, guardava familiaridade com o Mystère-Falcon 20, mas era menor que este. Outro projeto bem sucedido, na época foi o mais veloz jato corporativo do mundo. O terceiro protótipo foi usado para testes com asas de fibra de carbono.





Em 1971 foi lançado o Mercure, jato comercial de 130 a 150 passageiros para rotas curtas e médias e foi produzido com parceiros industriais de outros países. Foram fabricados somente 11 e utilizados pela francesa Air Inter.






Desenvolvido junto com a alemã Dornier, veio o Alpha Jet, em 1973, jato birreator de dois lugares para suporte tático e treinamento.







Com a necessidade de modernização de suas aeronaves embarcadas, a empresa apresentou o Super Étendard em 1974, versão melhorada do Étendard IV M.









No início dos anos 70 havia uma demanda para jatos executivos com autonomia acima de 4.000 milhas, capazes de voar sobre o Atlântico Norte com segurança e conforto, o que levou ao trijato Falcon 50, com asa supercrítica. Sua concepção proporcionou maior velocidade de cruzeiro e economia de combustível.






No Mirage 2000, de 1977 , foram aplicados muitos materiais compósitos e controles fly-by-wire. Dele derivou o Mirage 2000N, versão de ataque nuclear.













O Mirage 4000, de 1979, serviu para testar controles de voo para a configuração delta-canard e que seriam refinados futuramente para o caça Rafale







Na demanda dos jatos executivos no segmento premium e baseado na performance do Falcon 50, em 1984 veio o Falcon 900, com maior autonomia e cabine mais espaçosa. Foi o primeiro jato corporativo a oferecer um sistema eletrônico de instrumentos de voo (EFIS) e um sistema computadorizado de gerenciamento de voo (FMS).


Em 1986, dentro do programa iniciado em 1983 do futuro jato de combate, fez seu primeiro voo o ACX. Esta aeronave foi usada para estudar tecnologias e conceitos mais avançados para serem incorporados num futuro avião multifuncional de combate, em versão naval e para a Força Aérea. Baseado na performance atingida durante os voos de testes foi lançado o programa Rafale em 1988, aeronave que serviu para substituir sete diferentes tipos de aviões nas Forças Armadas da França.


Concebido pensando principalmente no mercado norte-americano (não diferente de seus nobres antecessores) em 1993 o Falcon 2000 fez seu primeiro voo. O birreator de alcance transcontinental conquistou clientes com uma cabine de conforto similar ao Falcon 900 e custos operacionais abaixo de seus concorrentes. Posteriormente foram lanç
adas as versões de alcance estendido, no caso o Falcon 900EX; Falcon 50DX e Falcon 2000LX.







No rastro de sua bem sucedida família de jatos executivos há o Falcon 5X;















seguindo-se o 7X e,
















mais recentemente, o 8X.
















Novos processos de desenvolvimento e uso de novas tecnologias cercaram suas concepções, ao mesmo tempo acelerando e melhorando os respectivos produtos e sistemas além, é claro, de aumentar o conforto e recursos disponíveis para pilotos e passageiros, sem falar, é claro, na maior segurança; maior disponibilidade e menores custos operacionais, fatores mandatórios num mercado extremamente exigente.

E eis que de uma hélice de madeira projetada durante a I Guerra Mundial, a Dassault Aviation prosperou e sempre ocupou um lugar especial na indústria aeroespacial global, tanto na área civil quanto militar, segmentos distintos, mas que foram desenvolvidos em paralelo, com sinergias de ordem técnica e industrial, gerando aeronaves que se tornaram referências.

Se traçássemos uma linha do tempo mais completa da empresa, compreenderia uma lista enorme de aeronaves, abrangendo protótipos e de produção seriada, com as mais variadas finalidades, entre experiências e muitos sucessos. Tal qual qualquer fabricante de aeronaves no mundo, em qualquer tempo, houve altos e baixos, mas sempre sem perder de vista o desenvolvimento constante.







Suas aeronaves sempre se notabilizaram, não somente pelas características técnicas e performance, mas também pela elegância de suas linhas e, sem querer, fazendo jus ao país da moda e de bons vinhos, sua marca é como se fosse uma grife da alta costura e de um bom rótulo de vinhos, por sinal, da própria Dassault!














Seguindo o princípio expressado por Marcel Dassault: “Para um avião voar bem ele tem de ser bonito.” Marcel Dassault morreu em 1986 e deixou um legado inestimável. Sua marca retrata evolução; soluções únicas; qualidade e reconhecimento geral. O Futuro veio sendo trabalhado desde o início da Dassault e, como na Aviação tudo é pensado em termos de longo prazo, o Futuro é sempre Agora.









[fotos: Dassault Aviation; arquivos Dassault de João Tilki e fotos de João Tilki (Mirage 2000; Mirage 4000; Etendard IV; Super Etendard; Mercure; Mirage IV; Mirage 50 e Falcon 2000)]

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