quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

“Campo de Marte tem importante papel econômico”, aponta especialista

Por Shailon Ian (*)

O fechamento do aeroporto Campo de Marte, no Zona Norte de São Paulo, pode trazer importantes impactos econômicos. Para o engenheiro aeronáutico Shailon Ian, ex-tenente da Força Aérea Brasileira (FAB) e presidente da consultoria Vinci Aeronáutica, um aeroporto é um polo de desenvolvimento, gera empregos diretos e indiretos, movimentando a economia.

“As condições no entorno do aeroporto mudaram, o que faz com que algumas operações com risco mais elevado não sejam mais desejadas, mas a culpa não é dos operadores. E eles precisam de alternativas para poder mudar. Os operadores também preferem um aeroporto com uma área de escape maior e que ofereça mais segurança. Desde que ele exista”, afirma o engenheiro.

"Fechar o aeroporto é a solução mais simples, a solução de quem não quer ter trabalho", reforça o engenheiro. Para ele o correto é analisar as condições operacionais e estabelecer regras de segurança e monitoramento que adequem a operação do aeroporto à sua condição.

O aeroporto foi fundado em 26 de julho de 1929 e completará 90 anos neste ano. O Campo de Marte foi o primeiro aeroporto da cidade de São Paulo. Naquele ano foi construída uma pista de pouso e decolagem, além de um hangar onde a então Força Pública do estado de São Paulo mantinha sua escola de aviação. Em 1931 foi inaugurado o Aeroclube de São Paulo no Campo de Marte. Em 1941 foi a vez do Parque Aeronáutico de São Paulo (hoje Parque de Material Aeronáutico de São Paulo – PAMASP), na época o maior complexo industrial da América Latina.

Shailon Ian explica que o crescimento da cidade de São Paulo acabou “abraçando” o aeroporto. “Onde antes havia área de sobra para pousos de emergência e eventuais problemas, algo que a aviação pequena, que tem no Campo de Marte a moradia que tanto precisa, temos casas, prédios e avenidas. A margem de erro e falhas que antes era grande, agora é mínima. Os tempos mudaram”, avalia o especialista.

“Infelizmente, numa lógica que somente o brasileiro consegue entender, numa mistura de descaso do poder público com falta de cultura e desprezo da população, nenhum cuidado foi tomado com as proximidades do aeroporto”, aponta o especialista. Ele lembra que o mesmo aconteceu com Congonhas, Guarulhos, Fortaleza e tantos outros. “Não se fecha aeroporto impunemente”, avisa Shailon Ian.







(*) Engenheiro aeronáutico formado pelo ITA e presidente da Vinci Aeronáutica.

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